O ronco nada mais é do que o ruído produzido involuntariamente durante o sono pela vibração dos tecidos tais como a úvula (campainha), palato mole, paredes faríngeas, epiglote e língua. A respiração oral, que não é normal, pode estar relacionada ao ronco e pode ser causada por uma obstrução nasal (hipertrofia de adenoide, desvio de septo, rinite alérgica, hipertrofia de conchas, rinossinusites e mais raramente por por tumores) e pela hipertrofia das amigdalas palatinas.
Sabe-se que o ronco aumenta marcadamente com a idade: cerca de 45% dos homens e 30% das mulheres acima de 65 anos, roncam.
Em estudo realizado em SP no ano de 1996 (Breznitz et al.), numa amostra populacional de 1.000 habitantes, revelou que 26.5% dos homens entre 20 e 40 anos roncavam e que este percentual subia para 36% nos homens acima de 40 anos. Já nas mulheres, os números eram menores: 8.9% das mulheres dos 20 aos 40 anos roncavam , subindo para 24.5%, acima dos 40 anos.
O ronco pode alcançar até 85 decibéis. A alta intensidade do ruído é o principal responsável pela utilização de dormitórios separados entre os cônjuges. É mais frequente no gênero masculino e a intensidade aumenta com o peso excessivo.
Numa pesquisa, publicada em revista médica (Sleep-1993), ficou demonstrado que roncadores têm dor de cabeça com mais frequência do que não roncadores.
O ronco é um marcador, um dos sinais clínicos mais comuns da Apneia Obstrutiva do Sono.
Estudos têm enfatizado que a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma doença familiar. Há uma relação genética quanto ao crescimento craniofacial e à tonicidade dos tecidos, caracterizando determinadas famílias com as vias aéreas pequenas e/ou hipotônicas com distúrbios respiratórios do sono associados.
O ronco é frequente em crianças pré-púberes, variando de 7% a 12%. Em geral não há diferença entre os sexos, sendo o pico de incidência dos três aos seis anos. Sabe-se que o ronco pode ser responsável pelo déficit de aprendizado, sono agitado e hiperatividade. O principal fator desencadeante nestas crianças é a hipertrofia adenoamigdaliana e as anomalias craniofaciais.
As consequências cardiovasculares da SAOS têm sido bem demonstradas e a hipertensão arterial sistêmica ( pressão alta ) pode ser um achado comum nesses indivíduos, assim como arritmias cardíacas (extrassístoles…) que ocorrem exclusivamente durante o sono. A diminuição dos batimentos cardíacos pode ocorrer quando diminui a oxigenação sanguínea, durante as pausas respiratórias (apneias e hipopneias).
Evidências apontam que a apneia e o ronco estão associadas ao aumento do risco para a doença isquêmica do miocárdio (infartos e anginas) e acidente vascular cerebral (derrames).
Na SAOS não tratada, a hipertensão arterial sistêmica pemanece em torno de 40 a 60 % dos casos e, entre os hipertensos, aproximadamente um terço sofre da síndrome da apneia do sono. Estudos epidemiológicos, concluíram que a associação entre pressão alta e apneia obstrutiva é independente de outros fatores de risco como gênero, idade , obesidade , consumo de álcool e cigarro e que segue um padrão crescente , em função da gravidade da síndrome da apneia do sono.
Diante de todas estas evidências, é importante ficarmos atentos aos sinais e sintomas que possam estar indicando algum distúrbios do sono. Para isso, o médico assistente, está habilitado a avaliar a necessidade de ser realizado o exame do sono, a POLISSONOGRAFIA. Esta avaliação objetiva, considerada padrão-ouro de diagnóstico dos distúrbios do sono, auxilia no diagnostico de gravidade e aponta caminhos para o melhor tratamento.
Para o ronco, dependendo da idade e da etiologia podem ser realizados tratamentos clínicos, cirúrgicos, aparelhos intra-orais, fonoterapia miofuncional entre outros procedimentos. A terapia miofuncional é realizada e supervisionada pela fonoaudióloga. São exercícios realizados semanalmente, por um período de até 3 meses, para fortalecer e modificar o posicionamento da musculatura.
Com o tratamento do ronco o indivíduo passa a ter menos despertares noturnos e durante o dia consegue melhor desempenho nos seus afazeres.